Ao contrário do tratamento cirúrgico convencional do câncer de pele, em que há maior risco de remoção parcial do tumor ou a retirada de grandes quantidades de tecido sadio, a Cirurgia Micrográfica de Mohs remove o câncer em estágios, para garantir a completa eliminação do tumor e preservar o tecido sadio.
Os espécimes de tecido removidos são examinados em um microscópio durante o procedimento, para avaliar a extensão do câncer. Se forem detectados prolongamentos do tumor para além dos limites do tecido removido, a remoção e análise continuam até que todo o tumor seja erradicado.
Indicações da Cirurgia Micrográfica de Mohs
É importante salientar que a Cirurgia Micrográfica de Mohs não é apropriada para o tratamento de todos os tipos de câncer de pele. Normalmente, ela é reservada para os que recorreram após tratamento prévio ou para tumores com grau mais elevado de agressividade local.
Também é indicada para remover lesões com grandes dimensões, tumores com crescimento rápido e quando as margens do câncer de pele não estão claramente evidentes.
A cirurgia ainda é utilizada para o tratamento de lesões localizadas em áreas de maior risco, tais como o nariz, orelhas, pálpebras, lábios, queixo, têmporas, mãos, pés e genitais, nos quais a preservação máxima de tecido saudável é crítica para fins funcionais e cosméticos.
Como é realizada a Cirurgia Micrográfica de Mohs?
Figura 1
A área a ser tratada é lavada, marcada e injetada com um anestésico local. O cirurgião de Mohs remove o tumor visível, com uma fina camada de tecido adicional. Este procedimento leva alguns minutos. Nesse momento, o paciente aguarda enquanto o tecido será processado e examinado.
Figura 2
O espécime de tecido removido é corado e marcado em um diagrama detalhado (mapa de Mohs).
Figura 3
O tecido é congelado em um criostato e depois é cortado em fatias muito finas. Estas fatias são então colocadas em lâminas e coradas para serem examinadas com o microscópio. O cirurgião de Mohs, acompanhado ou não de um patologista, examina cuidadosamente as margens laterais e profundas do espécime ao exame microscópico.
Após o exame, se resquícios do câncer forem detectados no local, estes são precisamente identificados e localizados no mapa da cirurgia. O cirurgião de Mohs utiliza a técnica para mapear o tecido e direcionar, se necessário, a remoção de tecido adicional com resíduos do câncer.
Figura 4
Este processo será repetido quantas vezes forem necessárias para localizar e remover as áreas restantes do câncer. Quando o exame microscópico revelar que não existe mais tumor restante, a região operada estará pronta para ser reparada.
Qualificações do Cirurgião de Mohs
Não é qualquer dermatologista que pode executar a Cirurgia de Mohs. Médicos que realizam este procedimento devem ter habilidades conjuntas e formação específica em Dermatologia, Cirurgia Dermatológica, Dermatopatologia e Cirurgia Micrográfica de Mohs.
A formação do cirurgião de Mohs segue critérios que incluem a comprovação de treinamento adequado nas diferentes áreas acima expostas. Exige‐se a realização de no mínimo 75 cirurgias assistidas, ou seja, acompanhados por um cirurgião certificado na técnica.
Vantagens do Procedimento Cirúrgico de Mohs
As lesões de câncer de pele podem ser enganosas. O que parece ser superficial pode ter ramificações extensas. Os tumores também podem chegar a se desenvolver ao longo dos vasos sanguíneos, nervos ou cartilagem. Por este motivo, antes da retirada cirúrgica do tumor, é impossível prever com precisão a quantidade de pele que necessitará ser removida.
A Cirurgia Micrográfica de Mohs é especificamente indicada para tratar esses tipos de tumores. O exame microscópico sistemático permite que o médico determine exatamente até que ponto o tumor se estende, minimizando o risco de serem deixados resquícios do tumor, assim como a remoção desnecessária de tecidos saudáveis. Devido à avaliação completa das margens cirúrgicas, a cirurgia de Mohs atinge as mais elevadas taxas de cura no tratamento do câncer de pele (95% a 99%).
Após a observação da retirada total do tumor, o cirurgião pode optar pela melhor opção no fechamento do defeito cirúrgico, o que inclui retalhos complexos que atingem melhores resultados cosméticos, os quais não poderiam ser executados caso fosse realizada a cirurgia convencional.