A dor crônica é caracterizada por episódios de dores persistentes por mais de três meses.
A dor é um mecanismo de proteção natural do organismo. Sem ela, estaríamos suscetíveis a lesões e traumas de variados tipos. É ela quem “avisa” que algo de danoso ao organismo pode estar prestes a ocorrer.
Quando há trauma a um tecido, ocorre uma liberação local de substâncias químicas que são imediatamente percebidas pelas terminações nervosas. Essas terminações geram um impulso elétrico que percorre a medula espinhal e vai até o cérebro. Lá, as informações de dor serão recebidas, localizadas e interpretadas, para depois haver uma resposta do organismo. Para evitar que a dor dure por mais tempo que o necessário, há um mecanismo de inibição também envolvendo neurotransmissores. Os neurotransmissores atuam inibindo a propagação do impulso elétrico que gera a dor. Esse é o processo da dor normal.
A dor crônica surge quando há um problema em qualquer um dos mecanismos: geração ou inibição da dor. A recepção, interpretação e resposta à dor podem ocorrer mesmo quando o evento desencadeador já tenha cessado. Isso acontece porque o sistema nervoso gera uma “memória da dor”: há uma hipersensibilização de neurônios a estímulos dolorosos e uma resistência ao mecanismo de inibição. É como se o sistema nervoso já tivesse “se acostumado” com o estímulo da dor e “automatizado” a geração de impulso elétrico, assim, mesmo tratando a causa, a geração da dor permanece.
A doença é altamente debilitante e seus portadores podem desenvolver depressão, quadros de ansiedade, deficiências psicomotoras, lembranças e sensações de perda que pouco tem a ver com o quadro doloroso. Essas doenças geralmente são relacionadas a quadros psiquiátricos, quando na verdade evidenciam a relação que existe entre dor e memória.
Tratamento
O tratamento da dor crônica é multidisciplinar: envolve o uso de medicamentos, atividade física, acompanhamento psicológico, fisioterapia, acupuntura. Há também os recursos de bloqueios nervosos e uso de neuroestimuladores; estes enviam leves pulsos à espinha dorsal, mascarando as mensagens de dor percebidas pelo cérebro. Nem todos os tipos de tratamentos são aplicáveis a todos os casos.
- Medicamentos: a intensidade e tipo de dor variam para cada paciente, sendo assim as doses e o tipo de medicamento também podem variar. Geralmente o médico prescreve uma dose inicial do fármaco mais adequado para o caso e avalia o seu efeito ao longo do tratamento. Caso não seja percebida melhora satisfatória, podem-se alterar os fatores para se chegar numa combinação ideal.
- Fisioterapia: o objetivo é fortalecer ou recondicionar seus músculos, pra que você se movimente com menos dor.
- Acompanhamento psicológico: auxilia como um apoio ao tratamento de sintomas como depressão, ansiedade, angustia. Promove relaxamento, autoestima e confiança para enfrentar a doença.
- Acupuntura: acredita-se que a acupuntura estimule a liberação de substancias que agem no sistema nervoso, “desativando” as áreas relacionadas à dor, e equilibram o organismo.
- Atividade física: também promove relaxamento e bem estar, além de estimular a produção de endorfinas (substâncias que atuam na inibição da dor).
Para o sucesso do tratamento, é importante a escolha de profissionais qualificados que lhe transmitam confiança e segurança.